terça-feira, 26 de setembro de 2023

Ótima fluidez e equilíbrio entre passagens musicais mais pesadas e suaves.

Pantommind - Shade Of Fate (2005)

Quando falamos de metal progressivo – ou música progressiva em geral –, a Bulgária certamente não será um país muito lembrado pela sua contribuição no meio. Mas a Pantommind, certamente faz muito bem a sua parte para que o país não seja completamente esquecido em rodas de papos musicais sobre o assunto. A banda foi formada ainda no ano de 1993, mas lançou o seu disco de estreia Shade of Fate somente em 2005, tendo lançado antes disso, apenas um CD demo em 1999 chamado Farewell. 

Este álbum, de certa forma, superou as expectativas que eu tinha antes de ouvi-lo. Até acreditava que era um bom disco, mas no fim das contas, eu estava me deparando com um álbum que contem de tudo que eu costumo adorar no metal progressivo. Os vocais são em inglês e soam muito bem, sem sotaque forte como poderia acontecer e acontece com muitas bandas. Melhor do que eu falar sobre as suas influências, cito aqui as bandas que eles mesmos mencionam no encarte do CD. Psychotic Waltz, Fates Warning, Crimson Glory, Dream Theater e Savatage. 

O disco está repleto de composições poderosas e emocionais, mas com espaço para algumas escapadas mais suaves, assim como para algumas sequencias onde os músicos têm liberdade para mostrarem suas habilidades técnicas, ainda que suas composições não sejam tão peculiares quanto, por exemplo, do Dream Theater, até mesmo porque o som, o humor e atmosfera como um todo é diferente. 

Seja como for, o certo é que estamos lidando com músicas de muita qualidade. Construções de riffs staccato ou mais lentos, riffs muito bem desenhados em arranjos majestosos com teclados distintos, contrastando com a faixa tonal e harmonias complementares, sequencias ocasionais com sons mais umedecidos, digamos assim, de guitarra, dando assim, mais espaço para que os teclados subam e vice versa, além de inúmeras seções instrumentais, onde guitarristas e tecladista demostram muito bem as suas habilidades, tanto fornecendo uma sonoridade mais atmosférica, quanto em solos corridos que soam tecnicamente desafiadores. Há espaço também, para composições que exploram paisagens mais suaves e até mesmo etéreas nesta produção. Justo também, é falar sobre os vocais de Tony Ivan, pois soam bastante fortes e enérgicos, com uma apresentação que se encaixa muito bem dentro do contexto do disco. 

Mas agora vamos a um ponto que apesar de ser negativo, não deve ser motivo para que você deixe de conhecer esse disco. Apesar de estarmos diante de um metal progressivo clássico e muito bem feito, ele também muitas vezes soa um pouco previsível. Mas acho que este é um grande desafio para qualquer banda surgida após a maior explosão de determinado gênero, explorar algo que já foi muito explorado e buscar mostrar nem que seja algum elemento surpresa. No fim, tudo aquilo que é feito, apesar de soar ótimo – como é o caso deste disco –, acaba não soando exatamente fresco, e mesmo que não seja exatamente um problema pra mim, eu acho muito válido que seja mencionado. 

Ainda assim, se você tem uma queda pelo metal progressivo, principalmente da era clássica, não existe absolutamente motivo algum para que você deixe de conhecer este álbum. Uma produção que deve muito ser apreciada da primeira até a última faixa. Bom, talvez a Bulgária não seja o principal bastião do mundo do rock e metal com infusão progressiva, mas com certeza eles se saíram bem, exportando Pantommind para o resto do mundo.

  Contato: progrocksociety85@gmail.com

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