sábado, 23 de setembro de 2023

Para fãs de rock progressivo, hard rock, clássico mais clássico ou somente de uma boa música em geral.

Celelalte Cuvinte - Celelalte Cuvinte (1987)

Quando o assunto é Roménia, não são muitas as bandas que me vêm em mente. Mas ainda que pouco celebradas mundialmente, o país possui algumas pérolas, sendo, o autointitulado da banda Celelalte Cuvinte, lançado em 1987, um destes exemplos de joias quase perdidas.  

A produção original e o uso de uma boa variedade de instrumentos acústicos conseguem dar bastante dinâmica para este disco, apresentando músicas que vão variar de melodias folk de bons arranjos vocais a algo mais frenético na linha apresentada pelo hard rock dos anos 80 – com incursões progressivas e solos de guitarras de muito bom gosto, além de um trabalho excelente de seção rítmica.  Bom ressaltar também, que o álbum é cantado em romeno, porém, isso passa longe de ser um problema e tudo soa bem.  

“Scrisori Iubite”, com menos de dois minutos, é uma excelente introdução, com algumas boas incursões de flauta. Logo aqui, o ouvinte é apresentado aos vocais, que é um pouco estridente e não muito diferente do que podemos encontrar nas linhas de Geddy Lee ou mesmo Jon Anderson – mas neste caso, em menor grau. Se você não tem problema com as vozes mencionadas, dificilmente vai ter algum problema aqui. “Un Sfîrșit E Un Început” consegue apresentar ao ouvinte basicamente todo o clima que será encontrado durante o álbum. Uma mescla muito bem feita de partes suaves que são seguidas por momentos mais pesados. Mais uma música muito boa e que pode ser mencionada tranquilamente como um dos destaques do disco.  

“Dacă Vrei” apresenta a banda direcionando o seu som para algo muito mais lento e sentimental. Aqui, o ouvinte não vai se deparar com riffs ou momentos enérgicos. No entanto, é uma música bastante agradável e de melodia belíssima. No seu minuto final, a faixa ainda é impulsionada por uma melodia mais pulsante, mas não o suficiente para tirar a sua aura praticamente angelical.  “La Ceas Tîrziu” começa com um andamento lento e depois segue atmosférico. O trabalho em conjunto funciona muito bem e a banda entrega alguns grooves muito bons conforme a faixa vai ficando mais pesada. O baixo, em alguns pontos, é quem toma de conta. Bastante dinâmica, provavelmente seja a faixa mais progressiva do disco por meio de suas muitas mudanças de andamentos e ritmos. Quase totalmente instrumental, há apenas alguns poucos vocais. Uma música tão boa que os seus mais de sete minutos mais parecem três. Minha faixa preferida do disco.  

“În Zori De Zi” é aquele tipo de som que eu acho que tira um pouco o brilho do álbum. Não há muito o que dizer aqui. Uma faixa pesada, curta e que passa longe de carregar algum momento memorável como aconteceu com as anteriores. Eu nunca consigo entender as bandas que colocam faixas assim em seus discos, parece que estão tampando algum buraco, porém, esse buraco sequer existe, na verdade, estão mais é criando um buraco adicionando músicas assim.  

“Fîntîna Suspinelor” é a faixa mais longa do disco com quase dez minutos. Talvez a Phoenix – outra banda romena - não seja tão conhecida para ser parâmetro em termos de citação de influência aqui, mas há também reminiscências de Led Zeppelin. Começa com algo que parece ser um poema. Mais uma faixa que vai de suave à dinâmica soando muito progressiva por meio de boas mudanças de andamentos e ritmos. Possui uma belíssima flauta no seu final, nos fazendo lembrar do início da faixa, fazendo que tudo seja visto como um círculo completo. "Despărțire” é a faixa final e tem um clima que eu considero muito adequado para uma despedida de disco. Basicamente acústica, tem no seu último minuto uma emersão de toda a banda tocando um arranjo muito bonito.  

Este é um disco que pode facilmente ser apreciado por um tipo de público muito vasto, podendo agradar fãs de rock progressivo, hard rock, rock mais clássico ou mesmo de uma boa música em geral. As faixas possuem uma ótima variedade e garantem boas descobertas a cada audição. Não o classifico como uma obra-prima, mas mesmo assim, o considero essencial e de qualidade excelente.

Contato: progrocksociety85@gmail.com

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